Em franco desacordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), não há política governamental brasileira para tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o metilfenidato, um dos mais conhecidos, mais eficazes e mais baratos medicamentos só pode ser obtido na rede pública através de processos legais (ações judiciais) ou complexos processos administrativos.

Uma pesquisa realizada em 2005 no estado de São Paulo envolvendo todas as doenças para as quais são realizados processos legais para garantir tratamento, verificou-se que o TDAH era a única dentre as 27 doenças encontradas para as quais não havia nenhuma política pública de tratamento.

Com base em estudo anterior apresentando a estimativa mais conservadora sobre o número de brasileiros com TDAH sem tratamento (Mattos, Polanczyk e Rohde, Revista Brasileira de Psiquiatria, 2012), realizou-se o cálculo do custo econômico que isto representa para o país. Os resultados foram apresentados em estudo recém-publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, a revista científica com maior índice de impacto na área de neurociências em toda a América Latina, por um grupo de pesquisadores liderados pelo psiquiatra Carlos Maia da UFRGS (Carlos R. Maia, Steffan F. Stella, Paulo Mattos, Guilherme V. Polanczyk, Carisi A. Polanczyk, Luis A. Rohde. The Brazilian policy of withholding treatment for ADHD is probably increasing health and social costs. Revista Brasileira de Psiquiatria. 2015; 37: 67–70, 2015)

Estimou-se o custo direto dos mais de 250.000 portadores brasileiros de TDAH entre 5 e 19 anos sem tratamento, usando-se para isto os dados oficiais de farmacoeconomia norteamericanos, convertidos para a realidade brasileira, com base na paridade de poder aquisitivo (purchasing power parity ou PPP) fornecida pelo Banco Mundial.

Os resultados indicam que o Brasil tem um prejuízo de aproximadamente R$ 1.841 bilhões de reais por ano levando-se em conta apenas as consequências do TDAH não tratado naquela faixa etária (repetências escolares e atendimentos médicos de emergência por acidentes, aspectos amplamente documentados e confirmados na literatura científica nacional e internacional). Por outro lado, o tratamento com metilfenidato de curta-ação três vezes ao dia, como recomendado pela OMS, levaria a uma economia de R$ 1.163 bilhões por ano.

 

Leia aqui o estudo na íntegra (PDF)

Leia o estudo na íntegra no Scielo

Leia aqui reportagem veículada no Bom dia Brasil / G1

Assista vídeo na íntegra, veículado no Bom dia Brasil