Prezados, 

Resolvi escrever (mesmo no fim do expediente, mas quem tem TDAH sabe, muitas vezes outra atividade nos tenta a tal ponto que temos que parar o que estamos fazendo) pois vejo que predominam depoimentos de pais (nada contra, por favor, façam-no). Eu tenho um filho com TDAH, sei o que passam! E só pude cuidá-lo como merece, pois suspeitava desde o primeiro ano de vida, porque EU sou portador de TDAH. Como meu pai e meu irmão, embora não admitam nem tratem…

Não vou contar aqui tudo o que me passou. Tenho 31 anoe e como todos, me isolei, criei mundos fantasiosos além do razoável, sofri acidentes de trânsito – por distração ou sono, perdi matérias, quase reprovei, passei maus bocados por falar demais, briguei,perdi dinheiro, fiz negócios estúpidos, SOFRI AOS MONTES calado. Fui taxado de burro, de preguiçoso, de arrogante, de prepotente, de displicente, de irresponsável…

Minha redenção veio aos 28 anos, e minha vida mudou desde que me trato. O humor melhorou, os acidentes sumiram, as tarefas iniciam e terminam, não durmo mais em filmes e reuniões, nem dirigindo, não perco mais tantas coisas, SOU MAIS FELIZ!

E assim cuido de meu filho, para que seja tb feliz, e contorno com paciência e cuidados, os seus momentos de “desvio”. 

A maior mensagem: Sofri muito, muito mesmo! Mas enfrentei! Enfrentei e venci!
Consegui me ater à minha inteligência (a maior parte dos TDAH são geniais, por mais que não pareçam) e enfrentar a distração e o pensamento acelerado.

Lutei contra mim mesmo e todos, me foquei no que acreditava e gostava, me formei em Zootecnia, antes de todos na turma, fiz milhões de coisas, não me segurei – fui escoteiro, lutador de kung fu, domador de cavalos, pesquisador, locutor de rádio, cantor de banda, guia de montanha, professor de química, chefe escoteiro, atleta e treinador de rugby, radioamador, mergulhador, vendedor e muito mais.
Hoje tenho minha posição em uma multinacional, gerenciando vários países e com uma boa carreira ainda pela frente, com respeito dos meus pares e prestígio profissional…

… e, mesmo medicado, sigo todos os dias lutando contra o TDAH e dominando-o, não deixando-me dominar!

Deixo o relato para que os que sofrem de TDAH possam se encorajar e espelhar, e para os pais que, como eu, dedicam-se de corpo e alma na luta contra esse mal que castiga nossos filhos, possam se sentir amparados por um futuro que pode ser, sim, muito bom!

Quisera eu que meus pais tivessem feito tanto por mim e a trajetória seria muito menos dolorida, mas sequer sabiam, coitados.

Encorajem seus filhos! Dêem o carinho e estímulo que merecem! E, Deus me ouça, poderão dar-lhes tanto orgulho como dou, com muita satisfação, hoje, aos meus pais!

Abraço a todos e FORÇA! SEMPRE!