Gostaria de relatar minha historia. Desde pequeno, fui muito sonhador. Na escola, ficava sempre desatento, divagando, pensamento muito rápido, criando cenários no quais muitos eu participava. Enfim, eu tinha e ainda tenho um mundo paralelo. Acho isso normal, que talvez todo mundo seja assim. 
Durante Ensino primário e médio, tirava notas boas e ruins, mas sempre dentro da media, não tinha grandes problemas em passar de ano. 
So que olhando de agora, percebo que era um esforço, sacrifício, eu tinha que vez por outra voltar dos sonhos para a sala de aula.
O fator que provocava uma concentração era puramente o medo: De ser reprovado, das brigas em casa. Portanto, estudava no dia anterior a prova. Organização era difícil. Tinha alguns assuntos que despertavam a atenção, como aviação por exemplo.
Durante a adolescência, ficou mais difícil acompanhar a turma, mas com sacrifício enorme, dava pra recuperar no segundo semestre.
Eu me achava distante das rodas de amigos, tava perto mas ao mesmo tempo longe. Eu tenho a característica tranqüila, estilo Zen. Uns dias to bem, meu pensamento rápido, mas nem sempre minha fala e mais lenta que meus pensamentos. Nunca usei entorpecentes, mas ontem parece que eu tinha usado.
Não sei como e, parece que depois de alguns dias, eu fico com o cérebro mais lento. Sempre achei que era somente a timidez, sempre dominante em mim. Na minha família, não havia interação social. Almoços com parentes, aniversários, nada disso existia. Amizades eram desestimuladas mas não totalmente barradas. Então quando cheguei na faculdade, fiquei perdido. Sentia-me como se tivesse sido convocado pra guerra sem ter feito o serviço militar.
O desanimo com o curso de Odonto foi latente, durante o dia, parecia estar sem rumo, sem direção. Tentei medicina, fui estudando os assuntos do ensino médio pra fazer vestibular, e fiquei fascinado na época e fiquei me perguntando: Nossa, eu estudei tudo isso no ensino médio?!
No entanto, não passei pra medicina. Não tinha controle do tempo e da organização. De 2001 a 2007, foram tentativas frustradas de fazer concursos. 
Depois de tentar medicina, fiz direito em 2004, passei. 
No curso, eu não conseguia estudar as matérias, assim como não conseguia no curso de Odonto e nas matérias durante o ensino médio.
Começava a estudar mas logo desistia, não tinha forcas pra manter um ritmo ate conquistar algo objetivo.
Comecei a sair com amigos, gastar mais do que podia. Logo, estudante, sem emprego, mas com a fatura do cartão de credito crescendo a passos largos. Foi uma época muito difícil em casa. Eu estava totalmente desacreditado pelos meu pais. No fundo eu achava que teria saída, que tinha algo errado.
Esses problemas me deram mais equilíbrio, hoje em dia nunca faço muitas contas, mas o problema da concentração e organização não resolvi totalmente.
De 2004 pra ca, não consegui terminar o curso de direito. Quando entro na sala, parece que o oxigênio vai diminuindo gradualmente, ate eu ficar sufocado e sair. Em 2007, surgiu um concurso para 2 bancos. Achei muito interessante, coloquei hiperfoco nos estudos e passei dentre os primeiros.
No banco, mantenho organização, me empenho muito bem e consegui ser promovido. Mas fora de la, tenho dificuldades. Não tenho afinidade com o curso, sempre achei que era isso o motivo da minha não persistência. Mas percebendo agora, vejo que em no outro curso era assim. 
No ensino médio não desisti, talvez porque era regra geral, todo mundo fazia aquilo, mas na faculdade, com a possibilidade de escolher, eu não tinha elementos para tal. Os assuntos que mais despentam meu interesse são mercado financeiro e aviação. Mas não consigo manter uma rotina em busca do crescimento pleno nessas áreas.
Filmes em casa eu assisto a “prestação”. Começo, paro, depois recomeço. Assisto em 3 parcelas. Livro também. Tenho alguns livros que comecei e não terminei. Biografias eu tenho paixão por ler, mas as vezes eu tenho que ficar ordenando meu cérebro a terminar de ler o livro.
Parece que meu cérebro diz que tem outra coisa importante pra fazer, ai deixo aquilo que estou fazendo e começo outra.
Enfim, essa e um pouco da minha historia. Sempre achei que isso era um traço da minha personalidade, algo que era natural, não poderia mudar, mas ultimamente tendo contato com vídeos e escritos sobre TDAH, vejo que posso ser acometido por esse transtorno.
Se for realmente verificado o diagnostico, será uma mudança de vida, uma libertação, pois já sei que existe tratamento e estou disposto a fazer, se for preciso.