Ser ou não ser TDAH, eis a questão? 
Shakespeare que me perdoe o plágio, mas a causa é nobre!!! 
Talvez contando um pouco de minha história fique mais fácil compreender o porque do questionamento. Ouvi, certa vez, uma pessoa agradecendo ao transtorno com o qual nasceu pelo fato de ter aprendido a se superar todos os dias,pois seu transtorno tinha se tornado o professor mais tenaz e presente em sua vida. 
Creio que isto se aplica a a mim e, talvez, a outras pessoas portadoras de TDAH. 
Creio que descobrir que minha impulsividade, meus destemperos, minha desorganização, tinham uma explicação, além da mera irresponsabilidade que muitos acreditavam que eu tivesse, foi um bálsamo para as feridas profundas em minha alma. 
Hoje aos 50 anos, com uma filha linda, inteligente e também TDAH sinto-me mais confiante para ajudá-la a superar suas batalhas diárias.
Alguns podem até dizer que usar o diagnóstico é conveniente, e sinto em desapontar estas pessoas, não é conveniência, é um fato. 
Ser TDAH é uma benção e uma maldição. 
Benção na criatividade, na alegria e na possibilidade de não dar atenção a pequenas bobagens do dia a dia, e em especial a minha mente em turbilhão constante, aliás esta última é benção e maldição ao mesmo tempo, especialmente nas eternas e longas noites de insônia de uma vida inteira.
Maldição na incapacidade de lidar com meus erros e acreditar que tudo de errado no universo tem uma parcela de minha responsabilidade, costumo brincar que até a bomba de Hiroshima e Nagasaki explodiu por minha culpa.
Sentir-se eternamente culpado por tudo, esta é a pior das maldições de meu TDAH, esquecer o inesquecível: horário do antibiótico, do dentista de seu filho, do compromisso que marcou com dois amigos ao tempo em lugares diferentes, do relatório que não conseguiu fazer a tempo e teve que correr, aliás, nem sei se saberia fazer de outro jeito, senão pela pressão dos ponteiros do relógio, os documentos que não poderia ter esquecido e por esta razão não foi aprovada num concurso para o mestrado,mesmo depópis de ter passado por esta situação num processo seletivo de um programa de incentivo à pesquisa. 
Enfim, ser TDAH é uma batalha diária, interna, intensa e eterna, mas o bom de tudo isto é que ser TDAH me ensinou que somos diferentes e que ser diferente é o maior barato!!!
Continuo me questionando e vivendo a incosntância que compreende a vida, tal qual meu transtorno.