Fui um aluno que tinha dificuldades de aprendizado por falta de atenção na escola de primeiro grau, mas nunca repeti de ano, devido que fui favorecido pela passagem automática do sistema de ensino da prefeitura. Na segunda série do primeiro grau eu ainda não sabia ler muitas coisas, pois eu não entendia a linguagem escrita, visto que a professora ensinava letras de \’forma\’, e nas cartilhas eram impressos letras de máquina, ou seja, eu confundia, e tudo voltava para a estaca \”zero\”. Fui alfabetizado de fato na terceira série, que incrivelmente no final do ano da terceira série eu estava equiparado com os outros alunos que teve o desenvolvimento normal na alfabetização, isso devido, ao que compreendo hoje, o \’hiperfoco\’. Em contraposição, aos 5 anos eu tinha habilidade de tocar piano sem nunca ter realizado curso até aos treze anos. Fiz apresentações, em alguns recitais (esqueci o nome de todos os recitais que já fiz concertos) da cidade de São Paulo a partir dos 13 anos de idade e no clube Juventus na bairro da Moóca. Hoje, conheço alguns instrumentos e suas sequências de notas, entre eles violão, Lira (nunca fiz curso), Flauta (também nunca fiz curso), entre outros instrumentos. São tantos fatos negativos e positivos entre outros que nem todos postei aqui, pois seria necessário escrever um livro, porque são tantas derrotas e poucas vitórias antes do tratamento. Contudo, eu era muito triste pois eu não conseguia ter tantos êxitos como pessoas \”normais\” na escola, sendo assim, eu acreditava que nunca iria cursar o ensino superior, mas, surpreendentemente a minha vida mudou, quando conheci minha namorada na época, que com apenas 2 meses de namoro ela desconfiou que eu possuía TDAH e como fonoaudióloga ela sugeriu-me procurar um neurologista ou psiquiatra para de fato validar este possível diagnóstico. Procurei um neurologista, que diagnosticou-me através de uma análise clínica que eu era TDAH. Após o tratamento com o medicamento que iniciou em 2004, possibilitou o meu ingresso no curso de bacharelado de Sistemas de Informação. Hoje, sou analista de sistemas, e sou realizado profissionalmente. Nunca imaginei antes, que eu era capaz de concluir um curso universitário. Possuo todas as características do TDAH, ou seja, combinado (hiperatividade + desatenção + impulsividade). Até brinquei com o meu neurologista, dizendo que sou TDAH \”leve\”, mas ele, disse que não existe esta definição na medicina logicamente, mas se existisse, eu seria o \”grau máximo\”. Hoje sou casado com a fonoaudióloga mencionada anteriormente, tenho 30 anos de idade e entendo os porquês que durante muitos anos eu não compreendia. Observação: Gostaria que minha identidade não fosse revelada se possível, pois temo por prejudicar em minha carreira profissional, visto que vivemos em uma sociedade preconceituosa, mesmo embora que não declarada, porém, ficaria muito feliz que fosse publicado a minha história. Obrigado ABDA por esta oportunidade de contar a minha história.