Sou publicitária, tenho 24 anos e hoje coordeno uma das melhores produtoras de vídeo do interior paulista. É difícil imaginar um começo para uma breve história de 24 anos. Todos na minha família têm TDAH. Meu pai, minha mãe e todos meus irmãos. Como o comportamento de todos nós era muito semelhante, não víamos nada de errado. Dizíamos que tínhamos "forte personalidade" e que éramos "desligados". No colégio, a grande dificuldade de concentração fez com que eu sofresse bullying e isso foi algo que marcou demais minha vida. Eu não conseguia entender o porque eu entendia tanto sobre assuntos "bobos" e gravava com facilidade imagens e cenas, mas não conseguia me recordar de uma semana para outra como era feita uma conta de divisão. Sempre fui muito bem na escola, pois os professores acabavam encontrando uma maneira de se adaptar a mim também. Meu jeito 220v sempre foi uma característica minha e com o passar do tempo todos ao meu redor sabiam como lidar comigo. Ao entrar na faculdade descobri que havia algo errado comigo. Me mudei de cidade e estado. Eu trabalhava e estudava. Era impossível eu conseguir conciliar as duas coisas. Quando eu me concentrava na faculdade, ia mal no trabalho, pois me via avoada pensando nas provas e trabalhos a serem feito. O mesmo acontecia quando eu me focava no trabalho. As pessoas na nova cidade não entendiam meu jeito, pois não me conheciam. Dessa maneira, elas se irritavam com meu jeito "desatento" e "hiperativo". Eram coisas dicotômicas que as pessoas "normais" não conseguiam entender. Comecei a procurar mais sobre isso e descobri um site que mostrava algumas características sobre DDA. Eu me encaixava em TODAS. Não havia nenhuma característica que deixasse de fazer parte do meu perfil. Naquele momento eu desabei. A sensação era como se alguém tivesse roubado a minha personalidade, como se nada do que eu fizesse tivesse realmente a ver comigo, mas era como se a doença me controlasse, tomasse conta do meu cérebro e personalidade. Procurei um profissional e o mesmo me deu o parecer definitivo: TDAH. Ok! Não é o fim do mundo, mas é um choque! Eu optei por não tomar remédios. Pensei que se eu consegui chegar até esse ponto sendo feliz sem remédios, porque eu precisaria agora? Comecei a grande adaptação da minha vida. Sabendo de minhas dificuldades de concentração e minha hiperatividade, criei estratégias para aumentar minha taxa de conhecimento e concentração. Na faculdade, fazia grandes resumos sobre as matérias e depois fazia resumos menores, menores até deixá-lo bem objetivo. Dai sentava com algum amigo e explicava o que eu sabia. Como minha memória sempre foi fotográfica, eu conseguia me lembrar do que eu havia escrito. Hoje, existem momentos em que eu tenho muita dificuldade de controlar meu TDAH, mas sempre que há uma grande dificuldade, procuro encontrar uma maneira de driblá-la e continuar com minha vida e minha carreira.