Meu nome é Maria Aparecida, aqui eu relato a história de uma criança, mas que hoje é uma adulta de 50 anos. A minha história. Na verdade isso começa meio de trás pra frente. Um dia tive a oportunidade de ter acesso a um livro chamado \”Mentes Inquietas\”, esse livro acabou sendo um marco para mim. De repente eu comecei a ler uma história que parecia ser a reprodução da minha. Toda a angustia vivida durante todos esses anos, toda sensação de baixa auto estima, e de se sentir deslocada e diferente das outras pessoas. A Criança irriquieta, atrapalhada, avoada, esquecida, desorganizada, impulsiva que se transformou numa adulta inquieta, avoada, criativa, avoada, impulsiva, desorganizada, irresponsavel, atrapalhada, esquecida, tinha um nome, uma identidade, um motivo de ser assim. Ser uma criança TDAh é complicado. Ser um Adulto TDAh é angustiante, sofrido. Hoje sou uma profissional que passou por um caminho de muitas perdas, pois é dificil para qualquer empregador lidar com tantas variações de comportamento. Rompantes de brilhantismo, ideias inovadoras que vem seguidas de desinteresse e desligamento me renderam uma carteira de trabalho (duas na verdade)recheada de registros. Nunca fiquei sem trabalhar. Antes do diploma universitário ja tinha meu primeiro registro como Assistente Social pois meu desempenho inicial era impecável. mas a motivação e estimulo inicial logo acabava e não ficava mais que um ano ou dois. Como mãe posso dizer que meus filhos são sobreviventes, pois nunca consegui estabelecer rotina para eles. Organização domestica e financeira são áreas que não consigo desenvolver. Senpre envolvida em dividas devido a descontrole e impulsividade. Hoje meus filhos tem uma autonomia que tiveram que adquirir. infelizmente vejo neles as mesmas caracteristica minhas e isso me angustia pois vejo o mesmo sofrimento deles. O Mais velho sempre foi o melhor da classe sem anotar NADA no caderno e hoje está na USP fazendo engenharia naval, mas quase não vai a escola as aulas por estar desmotivado, em compensação ele esta envolvido em todas as atividades extra curriculares possíveis.(futebol americano, basebol, trabalho voluntário e tudo o mais que ele puder se envolver , igualzinho a mãe) Enfim, passei por várias terapias para tentar entender como eu FUNCIONAVA, pois eu me sentia uma incógnita. Nos relacionamento afetivos então eu era (e sou) um desastre. Quem aguenta uma pessoa desligadíssima, atrapalhada, esquecida e desorganizada? Infelizmente investigação diagnóstica e a terapia comportamental cognitiva são procedimentos caros e pouco acessíveis. por essa razão eu continuo nessa empreitada quase solitária. fiz inscrição e espero ser chamada para triagem no atendimento de uma universidade aqui da minha região ha muito tempo, mas não sou chamada. Enfim, esse é apenas parte do relato da minha trajetória até então. Não sei se fui muito prolixa ou viajei demais rs (essa tambem é uma situação bastante comum). Quem sabe consiga encontrar em vocês um grupo com quem possa conversar sem que olhem pra mim com aquela expressão tão conhecida pra mim de \”Lá vem ela com mais uma desculpa\”