Certa vez, ao ministrar um curso para profas, me perguntaram como conseguia falar sobre meu TDAH com tamanha naturalidade, respondi:<br /> – Acontece que esta é apenas uma característica a mais que tenho, tal qual meus olhos azuis e minha pele branca. Tento enxergar o meu tdah tal qual vejo a vida, há pontos positivos e negativos. Adoro a criatividade que meu cérebro TDAH me permite ter, como não suporto as confusões que faço com horários, compromissos e prazos perdidos. <br /> Lembro do tempo que desconhecia meu diagnóstico, muito sofrimento por me achar incompetente para tarefas que para o "resto" do mundo parecia tão simples, quantas pessoas amadas feri com minha impulsividade, quantas perdas, até mesmo profissionais, quantas vezes senti o fracasso bater na minha porta por mais que me empenhasse. Hoje, mesmo diagnosticada e sob tratamento medicamentoso, tento fazer todos os dias o mesmo exercício: ser tolerante com o outro e comigo mesma, pois assim fica mais fácil a trajetória da vida. Pode até parecer piegas, mas me vem à mente a música de Gonzaguinha: é a vida, é bonita e é bonita.