"Era uma vez uma rainha que vivia muito só em um imenso castelo, então pediu à fada que lhe desse um filhinho. Então a fada encontrou uma moça que estava com um nenê na barriga mas, como era muito pobre, queria encontrar uma "mamãe" que pudesse dar-lhe todo o amor e cuidados que necessitava. Assim que a fada contou para a rainha ela imediatamente foi correndo ao seu encontro e assim que o nenê nasceu, ela segurou em seus braços e o colocou dentro do seu coração. Então nasceu um príncipe. Nossa história não é diferente das demais mas, os momentos que mais me marcaram foram os seguintes: – aos três anos, ouvindo a nossa "historinha" da rainha e o príncipe, ele olha bem nos meus olhos e diz: Ainda bem mamãe que você me tirou de lá, tava tão escuro! – na alfabetização começou a apresentar dificuldades e sentir-se "diferente". Um dia me ligaram da escola para ir buscá-lo pois ele estava muito agitado, chorando e tinha tentado fugir. Quando perguntei a ele onde ele queria ir, ele me disse que queria ir para casa e ao entrarmos no carro, ainda aos prantos, deitou sua cabeça em meu colo e pedia: Me ajuda mamãe, me ajuda! Eu quero morrer! Aos seis anos entrou em depressão pela primeira vez. É impressionante como os relatos de mães de portadores de TDAH seguem praticamente o mesmo "roteiro". Os primeiros sinais de hiperatividade ainda bebes, as dificuldades de socialização na primeira infância, os problemas na alfabetização, em fim….todo o processo do "estranhamento", das dúvidas, até chegarmos ao tratamento, a trajetória é bem parecida e muito sofrida.