Minha história começa há muitos anos atrás, quando ninguém falava em TDAH e nem sabíamos que isso existia. Quando alguém se referia a mim naquela época, era para dizer que "essa menina parece que tem bicho no corpo inteiro" ou bicho carpinteiro, como se dizia. Eu não parava quieta, tinha muita dificuldade em matemática, era impulsiva ou "malcriada". Foram tempos difíceis, porque por mais que eu me esforçasse, eu nunca lembrava das coisas, vivia perdida num mundo da imaginação. Mas naquela época, não se valorizava criatividade. Inteligente era quem sabia matemática, eu não sabia e portanto, não era inteligente. A autoestima baixíssima me levou a concluir o 2º grau aos "trancos e barrancos", abandonar a escola e apenas trabalhar. Também enfrentei dificuldades no trabalho. Esquecida,às vezes tinha brancos, tinha que anotar tudo,mas de uma certa forma, fui buscando alternativas, fui me adaptando e conseguindo me manter no emprego. Anos depois, ao trabalhar com crianças, me dei conta de que precisa de me aperfeiçoar, de estudar. E descobri livros que falavam de dificuldades de aprendizagem e de TDAH. Busquei respostas e encontrei a minha. Hoje, Pedagoga e Psicopedagoga Clínica, procuro fazer a diferença na vida das crianças que passam por mim. Faço palestras e formação de professores para que aprendam a lidar com crianças portadoras de dislexia, TDAH, discalculia, etc.. A inclusão dessas crianças na escola tem sido o meu objetivo de vida, para que nenhuma delas precise passar pelo que eu e muitas outras pessoas passaram. Simone Guimarães