Crianças com TDAH: Como estimular seus pontos de potência para superar as dificuldades

resilience-in-kids-703x468 Todos temos a tendência a centrar-nos nos pontos de maior dificuldade das crianças com TDAH e esquecemos que a COMPENSAÇÃO é o fator-chave para seu progresso. Com seus pontos fortes, ou seus potenciais podemos superar suas dificuldades. Embora cada criança seja única, observam-se certos padrões comuns em relação aos pontos fortes das crianças com TDAH tais como:

Capacidade Global Visual: Traduz-se na capacidade de “ver o todo”, de logo ver o quadro completo, de formar a imagem, a ideia total e responder rápido para determinar o que aconteceu e acontecerá. Algumas crianças com TDAH podem interpretar rapidamente os sentimentos alheios pelas expressões e linguagem corporal e reagir com base nessa impressão imediata.

Memória de longo prazo: Temos crianças com TDAH que podem recordar-se de experiências e momentos com detalhes e precisões incríveis. Uma criança, por exemplo, comentava como era o colar que sua professora usava no primeiro dia de aula.

Expressão Verbal, Imaginação, Criatividade: São crianças que podem falar muito sobre um tema com expressão, energia e encanto. Relatam com prazer suas experiências e conhecimentos sobre muitos temas relacionados. Eles podem ser extremamente agradáveis para os seus companheiros e, com suas histórias, ideias, dinamismo e criatividade.

Aplicação Especial de Pensamento Abstrato: Este ponto forte é encontrado frequentemente frente a problemas matemáticos. Podem integrar rapidamente o pensamento em forma simultânea, em forma global, cometem erros em cálculos simples e compreendem as aplicações a um nível mental superior.

Emoções Intensas, Entusiasmo, Curiosidade: Não tem limite na resposta, intensidade e espontaneidade de suas emoções e respondem de forma sincera e autêntica. Perguntam sem inibição e com uma curiosidade pura e natural.

   Todos esses pontos fortes podem, eventualmente, representa dificuldades. Por exemplo, podem ver o todo e ao formar essa imagem global, são perdidos os detalhes, os passos, a ordem e a sequência. Por esse motivo, torna-se difícil planejar, organizar, seguir as instruções e o processo de acordo com um padrão ou modelo especifico.

   A expressividade e o entusiasmo em suas narrações podem levar a não ouvir os outros, a centrar-se em seu próprio mundo e a ser incapaz de conversar com os outros.

   A memória de longo prazo permite-lhes desenvolver um mundo amplo, um acúmulo de conhecimentos e experiências, mas esquecem do detalhe imediato, do feito no curto prazo, da pequena tarefa e não conseguem cumprir com os detalhes mínimos da rotina diária. A isto dá-se o nome de dificuldade com a Memória de Curto Prazo ou Memória de Trabalho. Podem esquecer, por exemplo, de assinar seus trabalhos, recolher seus materiais por completo, assinar as comunicações da escola, etc.

   Sua capacidade de generalizar, de fazer uma síntese rápida e sem muito detalhe torna-lhes custoso expressar-se por escrito e, muitos sofrem muito diante das tarefas que exigem riqueza de detalhes, objetivos, sequências, em especial, frente aos trabalhos e composições escritas.

 Casper Os professores e pais, devem ter em mente o êxito desse equilíbrio constante entre potênciais x dificuldades. Entender que o tédio, o desafio que implicam as tarefas detalhadas, meticulosas e organizadas frente a esse entusiasmo e curiosidade sem limites é fundamental para ajudá-los a aliviar essa carga, no sentido de buscar estratégias que se ajustem a seus talentos e estilos de aprendizagem.

Vamos ajudar nossas crianças a desenvolver seus pontenciais e entender e aprender a lidar com suas dificuldades frente à aprendizagem. Precisamos torná-las cientes de que sua grande capacidade intelectual vai ajudá-las a compensar, a superar suas limitações no uso de estratégias para a aprendizagem; a entender que seu estilo de aprendizagem é diferente do de seus companheiros e, portanto, precisa de ajustes e adaptações na classe que respondam melhor a sua forma singular de aprender. Falemos sobre suas qualidades e pontos fortes verbais, espaciais ou visuais, etc.

   Vamos incentivar nossas crianças a solicitar a seus professores os ajustes e adaptações que facilitem seu progresso escolar, e a eles sempre a experiência do êxito: com seu esforço poderão sempre alcançá-lo!

   Ensinemos-lhes a buscar sempre o lugar adequado para sentar-se no grupo e focar sua atenção; a distanciar-se do ruído e das distrações; a reconhecer que, as vezes, se eles são lentos para terminar uma tarefa, podem pedir um pouco mais de tempo ou a redução do seu trabalho; a analisar suas tarefas com os companheiros e o professor no momento adequado, e ter listas concretas para revisar seu trabalho passo a passo.

Expliquemos-lhes claramente em que consistem as estratégias de aprendizagem e a importância de aplicá-las; a mudar de estratégias de acordo com o caso e a situação, e sobretudo, ajudemos-lhes a ACREDITAR EM SI MESMOS E A RECONHECEREM-SE COMO ALUNOS CAPAZES E ATIVOS.

Os Níveis da Atenção

   Ajuda-nos muito entender o desenvolvimento normal da atenção e suas implicações para a aprendizagem. Apresentamos um resumo muito prático dos seis níveis de desenvolvimento normal da atenção para compreender e avaliar as habilidades da criança.

Nível 1: Do nascimento ao primeiro ano.

Caracteriza-se pela distração extrema, a atenção da criança oscila entre objetos, pessoas e eventos. Qualquer fato novo (por exemplo, alguém que entre) distrai a criança imediatamente.

Nível 2: (1 a 2 anos)

Pode concentrar-se na tarefa concreta que escolheu, mas não tolera qualquer intervenção de adultos, seja verbal ou visual. A criança pode parecer teimosa ou “voluntariosa”, mas a verdade é que sua atenção está em “um só canal” e todos os estímulos estranhos podem ser ignorados para concentrar-se na tarefa em mãos.

Nível 3: (2 a 3 anos)

A atenção é ainda em um só canal e a criança não pode atender a estímulos visuais ou auditivos de fontes diferentes. A criança não pode escutar as instruções do adulto enquanto joga, mas sua atenção pode passar de quem lhe fala para o jogo, com a ajuda do adulto.

Nível 4: (3 a 4 anos)

A criança pode alternar entre a atenção completa – visual ou auditiva, entre quem lhe fala e a tarefa, mas agora o faz de forma espontânea, sem que o adulto necessite enfocar sua atenção.

Nível 5: (4 a 5 anos)

A atenção da criança tem “duplo canal”, ou seja, pode compreender as instruções verbais relacionadas às tarefas sem interromper a atividade para olhar a quem lhe fala. A faixa de concentração pode ser curta ainda, mas a criança pode receber instruções em grupo.

Nível 6 (5 a 6 anos)

Os canais visuais, auditivos e tácteis estão completamente integrados e a atenção bem estabelecida e sustentada.

400x200-UK-CDCresilientkidsPesquisas reconhecem que com frequência se apresenta uma forte história genética de baixa ou má concentração nas famílias de crianças com déficit de atenção. É muito difícil que um adulto compreenda que uma criança que está brincando entretida com pequenas coisas, exigindo atenção e impulsiva, possa ter um distúrbio físico hereditário. O aluno desatento então é descrito como “preguiçoso e desmotivado”. Os profissionais da educação precisam saber como fazer a distinção entre as crianças “difíceis” e as crianças com problemas de atenção. Alguns dos problemas que as crianças vivenciam na classe são o resultado da desordem e a forma de reagir deve-se possivelmente à forma que aprenderam a responder pelo tratamento que lhes tenha sido dado.

 Entendendo como estas crianças conseguem aprender e estimulando o que elas tem de mais forte, ou áquilo que para elas é mais fácil e fluido, elas podem lidar melhor com os pontos de dificuldade, desenvolver e manter uma boa autoestima e aprender a traçar planos e manter-se firme em seus propósitos.

Elas têm sonhos e planos como qualquer um, então, colaboremos para que encontrem suas asas e ganhem mundo.

Fontes:

Clare Jones (PHD Em educação especial, TDAH e distúrbios de aprendizagem – Livro: Attention Deficit Disorders: Strategies for School Clildren