Desde seu nascimento ele era agitado, ainda bebê não parava de se mexer, não dormia quase nada. Os anos foram passando e ele continuava cada vez mais inqueto, batia nos amiguinos da escolinha, era desobediente tanto na escola como em casa. Sair com ele era uma tarefa difícil, pois tudo que encontrava pela frente ele mexia, derrubava ou quebrava. As simples tarefas diárias eram exaustivas, como tomar banho, dormir, vestir e comer, nada disso era feito sem antes haver uma oposição, um questionamento. Nas escolas pelas quais passou, ainda pequeno, era conhecido como a criança inteligente, mas sem educação, impulsiva e por isso era deixado de lado pelos professores que preferiam não entrar em atrito com ele. Com cinco para seis anos, quando iria cursar o 1º ano do ensino fundamental, foi transferido para sua terceira escola, foi um ano difícil, todos os problemas de comportamento se repetiam e seus pais não saiam do colégio para atenderem as constante convocações para reuniões. O colégio, com profissionais de primeira linha, com uma preparação muito acima da média para avaliar o aluno individualmente e perceber eventuais problemas, com o TDAH, que seus alunos poderiam ser portadores, não demorou, com muita sutileza e carinho, a mencionar aos seus pais sobre a possibilidade dele ter tal transtorno, mais direcionado para TOD (Transtorno Opositor Desafiador). Seus pais, que nunca haviam ouvido falar sobre tal doença, acharam que não poderia ser isso, mas como pais zelosos, e acima de tudo por amarem muito seu filho, foram se certificar que não havia nenhum problema neurológico com seu rebento. Fizeram todos os passos que lhes indicaram, neurologistas, psicólogos, psiquiatras, logo se constatou a verdade, ele realmente era portador do transtorno opositor desafiador, além disso, tinha um QI muito acima da média, o que para ele só agravava sua situação, pois com sete anos tinha consciência plena de suas incapacidades comportamentais o que lhe rendeu uma auto-estima muito baixa, ao ponto de acreditar que ninguém gostava dele, que ele não era uma boa criança. Hoje ele está em tratamento, medicado e muito mais feliz, é compreendido e se sente mais integrado a família e a escola. Mas há muito ainda a ser feito, mas aqueles tempos difíceis de abaixa auto-estima, agitação e inquietude já se foram e deram lugar a compreensão, carinho e respeito. Ele é meu filho, hoje está com 11 anos de idade e muito feliz. Fernanda Cristina Rodrigues Nogueira