TDAH – o preconceito, a intolerância e a inabilidade com que o assunto é tratado. É triste ver uma criança, ou um adulto, sofrer com o preconceito, sofrer com a exclusão. Exclusão essa motivada pela intolerância, pela falta de preparo, falta de vontade, pela ganância e, possivelmente, até pela incompetência. Imagino que os estimados amigos concordem que tal descalabro torna-se ainda mais doloroso quando acomete um ente querido – digamos: um filho –, não é verdade?! Antes que pensem ou digam algo, tenho plena consciência, e concordo, de que todos devem ser tratados da mesma maneira, ter o mesmo respeito e dignidade. Então, baseando-se no tema acima elencado, peço às valorosas pessoas que lerem esta, se puderem e/ou quiserem, que deem uma opinião, sugestão ou, como dizem, uma “luz”! Vamos lá: o que fazer quando um filho que é muito amado e criado com carinho e respeito, sendo orientado, constantemente, que um caminho honrado e humilde é o mais adequado a se trilhar, que a decência deve ser sempre praticada e que as diferenças devem ser respeitadas e que a liberdade, igualdade e a fraternidade não podem ser apenas conceitos utópicos, é acometido pelo preconceito que eu e minha amada Rosana tanto repudiamos? O que fazer quando um filho que é muito inteligente (como todas as crianças são!), muito criativo, amoroso e ingênuo é acometido por uma exclusão incoerente oriunda de um Centro Educacional que é quase centenário em nossa estimada Mogi das Cruzes? O que fazer quando um filho que tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é convidado a procurar outra escola, pois, a atual, que se diz filantrópica (e é particular), alega NÃO SER CAPACITADA a lidar com uma criança hiperativa?! O que fazer quando uma escola, que diz fazer ações sociais, exclui uma criança que precisa de uma orientação mais específica, em consequência do TDAH, e essa instituição afirma que não pode atender essa demanda, em detrimento das outras crianças, e que por esse motivo (não saber lidar com o transtorno) tal garoto acaba atrapalhando (?!) as aulas e, portanto, é adequado que ele procure outra escola? Uma criança ávida por conhecimento, curiosa e criativa é “convidada” a retirar-se de um Instituto Educacional por que não consegue se encaixar nos padrões tradicionais, e conservadores, desse Instituto (lembram-se do TDAH?). Mas, espere um pouco, não é OBRIGAÇÃO da escola, e dos docentes, buscarem meios para mediar à informação ao educando, buscar métodos mais adequados à troca de saberes no processo de ensino-aprendizagem, de uma maneira onde TODOS os envolvidos possam aprender e apreender, evoluindo continuamente? E cito a “obrigação” não por causa de determinada lei e/ou estatuto, mas por que estamos falando de crianças, conquanto, ao que parece, as crianças são um mero detalhe, já que o que importa para a grande maioria da escolas, e de outras empresas, é o rendimento e lucro… Mesmo àquelas que são filantrópicas, afinal de contas, o importante é expandir e angariar fundos para crescer mais e aumentar o rebanho… Agora, adaptarem-se as diferenças é um mero detalhe… O que é apenas um entre centenas de alunos, ainda mais que esse aluno pode prejudicar a “captação de recursos” para a Empresa Educacional? E como não existe, ainda, uma lei que obrigue e/ou oriente a adequação das escolas ao TDAH e a Dislexia, é só substituir essa criança, ou melhor, essa fonte de recursos por outra e resolver a questão. E procurar ajuda na Delegacia de Ensino da cidade também não ajuda. Nós fomos até aquele órgão estadual, protocolamos um pedido de orientação e intervenção e a resposta oficial foi que “seria melhor procurarmos outro estabelecimento, já que a atual não poderia atender as necessidades da criança”, e como é uma instituição particular, eles não poderiam interferir no contrato ora assinado entre as partes… Ou seja, o bem estar da criança pouco importa. É, infelizmente, ainda são pouquíssimas as escolas, as empresas e as pessoas em geral, que realmente procuram entender o TDAH, a Dislexia, a Disgrafia, a Discalculia, entre outros transtornos, desses pequenos gênios que, conquanto sejam de uma inteligência e criatividade notáveis, sofrem muito nos centros educacionais justamente por precisarem de um auxílio, de uma ajuda, mais específica, mais adequada às suas realidades. O que essas crianças precisam é ter alguém que lhes oriente o caminho correto a seguir, adequando-se à realidade deles e ajudando-os a adequarem-se a realidade daqueles que não tem o TDAH. E garanto a vocês, meus amigos, essas crianças, por não terem esse atendimento adequado, sofrem… Muito… Não é fácil ser taxado de bagunceiro (a), arruaceiro (a), preguiçoso (a), irresponsável, inútil, burro, e por aí vai… E vocês podem ter certeza, elas – as crianças portadoras de TDAH e demais transtornos – recebem todos esses “adjetivos”. Já escutei isso sobre meu amado filho. De alguns professores, até… Mesmo explicando a situação dele, mostrando laudos médicos e psicológicos, procurando orientar e tentar ajudar, só que nada adiantou e, ao que indica, adiantará. E se vocês lerem alguns relatos de outras famílias em sites especializados, como o sítio da ABDA – Associação Brasileira de Déficit de Atenção, ou de redes sociais, como o Facebook, tal situação acontece constantemente. Um enorme descalabro… Para se ter uma breve idéia, meu valoroso garoto leva bronca das professoras, às vezes aos gritos, até quando ele não está no meio da balburdia de sua sala de aula. E não foi dele que descobrimos isso, foi de seus colegas após uma conversa “em off”, sem que ele estivesse presente. Ou seja, tem bagunça na classe, a culpa é do hiperativo, ele estando, ou não, no meio! Agora me digam: como fica a cabeça dessa (ou dessas) criança? Viver com o estigma de ser incompetente, de que não conseguirá algo na vida (é, ele já escutou isso de uma professora…), de que só atrapalha e, ainda, que não “serve” para aquele INSTITUTO Educacional? De que ele fora “convidado” a procurar outra escola por que aquela não sabe “lidar” com ele? Acredito, até, que o nome disso seja bulling… Meus nobres amigos, não é fácil acordar no meio da noite com um filho, literalmente, chorando por que ele se acha inferior ao seu grupo, por ser injustiçado diante dos colegas, por ser ignorado em sala de aula por pessoas que se dizem profissionais da educação, por se sentir excluído, por não conseguir se encaixar nos padrões estabelecidos por nossa sociedade egoísta. E algumas pessoas ainda falam que o estão ajudando!!! Só se for ajudar a levá-lo à depressão. E estão conseguindo… Confesso que considerava a Escola em questão muito interessante, com bons princípios e uma mensalidade justa. Porém, dadas as circunstâncias, parece que eles mesmos não seguem tais princípios quando não lhes interessa… Eu tinha a esperança de que poderíamos aliar a tradição com a evolução, algo perfeitamente possível, seguindo em um “meio termo” adequado a todos, e juntos avançarmos no processo de ensino-aprendizagem não somente de meu filho, mas daqueles que precisam dessa adequação no método ensinamento. Pura utopia… Enfim, meus nobres e valorosos amigos e amigas, dadas as circunstâncias, estamos visitando algumas escolas em nossa querida Mogi das Cruzes. Daquelas que visitamos, a princípio, uma ou duas mostraram preocupar-se com essa realidade – TDAH, Dislexia, Discalculia – e querem atender a necessidade de todos os envolvidos, sem prejudicar alguém, buscando o constante aprendizado e aperfeiçoamento. Que assim seja! Realmente, essas crianças precisam disso. O Estado, infelizmente e vergonhosamente, ainda não é uma opção. Já tivemos uma experiência extremamente desagradável em uma escola Estadual… E a escola mais cara também não significa que seja a melhor, pelo menos nesse aspecto. Portanto, estamos avaliando e ponderando tudo, inclusive uma mensalidade que “caiba no bolso”, e tenho certeza que o Grande, o Supremo Criador nos orientará e iluminará nossa caminhada àquilo que será melhor ao meu querido Thiago, ao meu querido Victor, a minha honrada e amada família, a todos! Tenho ciência e consciência de que sou ninguém dentro de nossa comunidade, muito menos da sociedade e o que eu fizer surtirá efeito mínimo, ou até nulo. É possível que alguns de vocês, meus estimados amigos, nem consigam prender-se a esse “textinho” devido à correria diária, e necessária, que enfrentamos. Não tem problema! Se o que posso fazer é enviar-lhes algumas palavras e lhes pedir que reflitam, e se alguns puderem fazer isso, está ótimo. É aquela história da gotinha no oceano… Muito obrigado. Alexandre Amorim de Sousa.