Sou médica neurologista ( trato apenas adultos) e meu filho tem TDAH. Mesmo sendo médica e teoricamente sabendo como lidar, não foi fácil. Eu sempre soube que meu filho era diferente, um bebê mais agitado que os outros. Ele não andava, ele pulava feito um coelhinho. Em casa, só com os pais, tudo se resolvia mas, chegou a hora de ir ao colégio. No maternal, ele aprendia rápido mas tinha dificuldade de socializar, as vezes batia nas outras crianças. Eu sempre achava que era normal, uma fato isolado. No ensino infantil ele começou a ler antes que a maioria dos amiguinhos mas o problema \”social\” ia se agravando. Ele era muito inconstante e as professoras tinha dificuldade em lidar com ele. Eu já havia escolhido um colégio com método montessori pq imaginava que ele ia precisar uma atenção diferenciada. Com 6 anos ele passou a ter tiques motores e daí para frente a coisa só piorou. Procurei um médico neurologista infantil que depois de uma consulta de 40 minutos onde ele não conseguiu ficar sentado por mais de 5 minutos, disse que o TDAH do meu filho era muito severo, chegou a cogitar algum tipo de autismo pois ele não olhava nos olhos do médico, tamanha a desatenção. Devido aos tiques, não poderia tomar ritalina, então iniciou um tto psicopedagógico e com medicação para os tiques. A pedagoga ajudou muito, foi ao colégio e ensinou algumas técnicas para lidar com meu pequeno \”tsunami\”. Mesmo com toda ajuda, o final de ano foi terrível. Ele andava muito agitado e agressivo, batia nos coleguinhas e a professora demonstrava claramente que ele era um incômodo. Decidi largar todo o tratamento no final de ano e viajar. Foi maravilhoso. Ele ficou alegre e relaxado e os tiques praticamente sumiram. Voltei ao medico e decidimos iniciar então a medicação para TDAH. Tem ajudado muito mas naõ é milagre. As notas dele são excelentes e está menos agitado mas ainda não consegue ficar sentado por muito tempo, esquece os casacos no colégio, perde várias coisas. Precisa fazer os deveres em local silencioso e com supervisão. Agora com nove anos ele está sem tiques, com ótimas notas e melhor socialmente, por vezes dá uma \”escorregada\” e então volta a conversar com a psicopedagoga. Nos dias que sinto ele agitado demais, deixo faltar á aula. Nos finais de semana eu, äs vezes, não dou a medicação porque me acostumei com meu filho sempre a mil por hora …. É uma luta diária, uma paciência infinita …porém eu tenho amor e disposição de sobra para ajudá-lo a se adaptar a esse mundo e ser feliz.