“Caros pais,

Não se estressem sobre trabalhos escolares.

Quando as aulas voltarem colocaremos seus filhos de volta no caminho. Somos professores e este é nosso superpoder.

O que não conseguimos é consertar trauma sociais e emocionais, que atrapalham o aprendizado. Portanto, agora, o que

precisamos é que compartilhem sua calma sua força, sua alegria com seus filhos. Não há crianças avançadas. Não há crianças

atrasadas. Seus filhos estão exatamente onde precisam estar.

“Por favor, com amor, todos os professores do planeta Terra”.

Hoje recebi no grupo de professores uma imagem contendo essa mensagem. Eu já havia gravado dois podcasts sobre o assunto

há cerca de um mês. Recebo prints de mães e pais estressados, porque não sabem mais o que fazer. “Já tentei tudo mas minha

filha não aprende. Acho que ela é lerda.”, me confidenciou uma conhecida.

A menina em questão sempre me pareceu muito inteligente, com grande habilidade para aprender novas palavras. Será que ela

está “atrasada” por ser “lerda” ou será que está avançada na escola?

Ela está no lugar dela.

Cada ser humano é único.

Eu já tive muitos alunos gêmeos idênticos, que não seguiram caminhos iguais quanto ao aprendizado.

Não se trata de uma fórmula mágica: no caso dos gêmeos, eles têm a mesma aparência, os mesmos valores familiares, os

mesmos livros, a mesma casa… Mas são diferentes.

A grade curricular, em qualquer lugar do mundo, é generalista. Não é possível criar um programa individual para cada aluno,

considerando seus interesses e habilidades. Muitas vezes, eles próprios só descobrem seus interesses e habilidades no meio do

processo, que se constrói bastante por tentativa e erro.

Um dos conteúdos que mais me alegra lecionar é o folclore. Quando peço para os alunos entrevistarem os pais e avós,

perguntando como eles brincavam quando eram crianças. Quando são brincadeiras de roda, peço para filmar.

É o momento em que os mais velhos ensinam os mais jovens, sem o peso do “tenho que ensinar para ele ir bem na prova”. Essa

lição, que envolve contar histórias, ensinar cantigas e brincadeiras,construir brinquedos fica para a vida inteira.

Acredito que demonstrar interesse pelo que esse ser humano está aprendendo, do que gosta e do que não gosta é muito mais

eficaz para promover a aquisição de conhecimentos.

A aprendizagem não é uma competição entre crianças, é um aprendizado para a vida.

Paula Rosiska – Professora e membro do Conselho  Cientifico da Associação Brasileira do Déficit de Atenção