Bom, tive sérios problemas com a escola do meu filho no ano passado. Vou compartilhar com vocês a cópia do documento que redigi solicitando o protocolamento e arquivo em seu prontuário escolar. Por favor leiam:

Suzano, 09 de setembro de 2012.

Prezados educadores da E.E. A. R.de A.,

Foi-me relatado no dia 20/08/2012, quando estive aí, atendendo a convocação da direção da escola que meu filho tem sido levado para direção, pois frequentemente atrapalha o andamento da aula.
A conversa aconteceu com a vice-diretora, a qual se demonstrou interessada. Também participaram a diretora que enfatizou que meu filho precisa de limite, e a professora Mariquinha que apesar de afirmar que ele atrapalha seu trabalho, comentou que ele não é mal criado, é amoroso, é inteligente e muito ativo.
Eu me coloquei a disposição e também busquei ajuda de especialista, contudo eu não posso fazê-lo mudar, de um dia para o outro, como num passe de mágica. 
Não estou me omitindo, tampouco transferindo a responsabilidade para escola, mas penso que escola e família poderiam juntas, encontrar um caminho que levasse à solução do problema. Em casa ele é uma criança tranquila e amorosa, mas na escola apresenta comportamento agitado e agressivo. 
Tenho atendido as convocações; tenho conversado, orientado e como sabem busquei ajuda profissional especializada; tenho me esforçado para encontrar uma solução, mas infelizmente, ainda não obtive êxito.
Na última quinta-feira ao chegar do trabalho recebi uma convocação dessa U.E., a qual me deixou muito nervosa e confusa, pois não havia um bilhete relatando o ocorrido, meu filho, talvez por medo de ser punido, não relatou o que havia feito, mas segundo ele foi suspenso por 02 (dois) dias. O estresse da situação e o desespero de tentar entender o que aconteceu me fizeram cometer uma atitude primária, incorreta, enfim, totalmente inadequada. Fiz contato com a professora, que confirmou a suspensão, o que resultou em desentendimento. Reconheço que agi errado e peço desculpas à professora pelo incômodo e inconveniência de minha parte e, também pela alteração e má interpretação dos fatos.
Conversei muito com ele e aos poucos foi me contando tudo que fez naquela tarde durante o horário de aula. Eu me excedi tirando conclusões precipitadas e confiando na primeira versão dele, mas a escola poderia ter me enviado um bilhete, uma vez que estávamos em meio um feriado prolongado.
Sei que meu filho não é nenhum anjinho, ele mesmo me relatou suas ações, eu tenho conversado com ele todos os dias, mas parece que ele, simplesmente, esquece todas as orientações dadas. 
Eu não sei como ocorrem as suas saídas da sala de aula, pois ele me relatou de forma confusa, percebi que às vezes ele mentia e outras, ele se confundia mesmo – ele fala que algumas vezes, simplesmente, abre a porta e sai sem autorização e outras ele pede, mas demora em retornar e quando retorna é impedido de entrar – sugiro que um inspetor o acompanhe ao sanitário/bebedouro, tal medida impedirá que fique passeando pela escola. 
Talvez a transferência de turma seja um atenuante para o problema, pois uma semana após ter iniciado o tratamento psicológico recebi um bilhete – que nas entrelinhas me cobra providências quanto ao seu comportamento – relatando que ele não retornou do recreio, não fez as atividades, enfim causou sérios transtornos aos educadores.
Reconheço que a situação fugiu do controle, tanto, que busquei auxílio psicológico. A psicóloga me falou que meu filho pode ter (TDAH) transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, mas só é possível fechar o diagnóstico a partir de 06 meses de acompanhamento. 
Como o acompanhamento na UBS me parece muito moroso, vou tentar uma vaga na Clínica de Psicologia da Universidade Braz Cubas.
Peço gentilmente que respondam as questões abaixo, pois estas podem auxiliar o trabalho da equipe de saúde mental e futuro diagnóstico.
– Quais medidas pedagógicas foram tomadas, para solucionar a questão do desinteresse do aluno?
– A escola não poderia promover estratégias de ensino que integrassem o aluno?
– Ele não faz as atividades propostas. A questão didática foi analisada?
– De que forma a escola tem se manifestado para solucionar o problema?
– É feito algum trabalho de medida preventiva e conscientização dos riscos das crianças correrem pela escola?
Sugiro uma parceria escola/família para que o Thiago se integre e progrida em seus aspectos emocionais, cognitivos, sociais, educacionais etc.
Estamos falando de uma criança de 06 anos. Ele está passando por dificuldades e, em consequência disso tem apresentado comportamento e desempenho ruins. Por estas razões tem sido punido, tem ficado fora da sala de aula, fora do convívio das crianças e fora dos passeios da escola. A Constituição prevê que a educação é dever da família e do Estado e o ECA garante a permanência do aluno em sala de aula.
Estou perplexa com a decisão da escola em mantê-lo afastado como medida punitiva. Está se instaurando o estigma do aluno indisciplinado. Reflitam, o que estou pedindo é a compreensão e colaboração da escola.
Solicito esclarecimentos sobre a suspensão das aulas, pois meu filho tem ficado afastado das aulas, porém a escola não comunica por escrito. Gostaria de saber se está previsto no Regimento da Escola a suspensão das aulas como punição do aluno que não faz as atividades escolares, brinca o tempo todo e demonstra-se alheio aos comandos dos educadores? 
Em 18/04/2012, como podem verificar, a professora escreveu um bilhete na agenda. Comuniquei que a funcionária dessa U.E. Zezinha abordou meu marido e meu filho no estacionamento do shopping e relatou a ocorrência. Eu solicitei à professora que me mantivesse informada acerca de seu comportamento.
Em 18/05/2012, a professora me convidou para uma conversa. Meu marido atendeu ao chamado.
Em 13/08/2012, nova reclamação.
Em 17/08/2012, a direção dessa U.E., ligou para meu marido solicitando que retirássemos nosso filho da escola, pelo mau comportamento e transtornos causados, como estávamos no trabalho (em São Paulo) não pudemos, atender imediatamente ao chamado da escola que suspendeu as aulas e nos enviou a convocação, a qual foi atendida no próximo dia útil.
A partir de 21/08/2012 minha vida tornou-se um pesadelo, pois descobri que meu filho estava frequentando a diretoria da escola, ao invés da sala de aula. Desde então, tenho me sentido pressionada pela professora para apresentar uma mudança comportamental do meu filho.
Eu já sabia que ele não fazia as atividades, pois havia conversado com a professora e também verifico seu caderno e agenda todos os dias, mas entendi que ele não estava o suficiente maduro para iniciar o 1º ano, por isso não forcei, pois me pareceu desnecessário, afinal cada criança tem seu tempo de maturação.
Ele tem batido nos colegas durante o intervalo, eu tenho conversado bastante com ele e orientado que não pode bater em ninguém. Por outro lado, ele já voltou pra casa machucado, teve sua blusa, lanches e um kit educacional, subtraídos, pois quando tivemos a “Feira do Livro em Suzano” ele esteve lá pela manhã acompanhado pela escola que fica das 9h30min às 12h, como ele sai de lá para esta U.E., levou consigo o kit que não chegou em nossa casa. Eu enviei um bilhete para a professora e foi devolvido parte do kit, mas ninguém foi punido, nenhum pai foi convocado, aliás, tais ocorrências não chegaram à direção da escola. 
Não quero justificar suas atitudes, pois não aprovo seu comportamento, porém temos que reconhecer interesses comuns entre as partes, para que possamos chegar a um consenso e, assim o envolvimento resultará de forma positiva na escola, na família e na criança. 
Sei que fazem o melhor, e eu também, mas este melhor não está funcionando. Temos que rever e adequar o percurso para o Thiago, penso que podemos unir forças para encontrarmos o norte e, a partir disto trabalharmos uma educação conjunta e participada visando o sucesso do aluno. 
Combinei com a vice-diretora que assistiria à aula com ele, mas como tive me ausentar do trabalho durante certo período nos dias 20, 30,31(atendendo convocação, triagem da UBS e consulta médica) e no dia 05 o dia todo (oftalmologista), não posso me ausentar por esses dias, pois a direção da minha escola me advertiu verbalmente.
Tão logo seja possível, acompanharei as aulas e o intervalo dele. Sou a maior interessada nesta causa e embora pareça impossível eu creio que tudo vai se ajeitar e acabar bem. 
O tratamento com o psicólogo já começou, então, é necessário esperar que as mudanças comecem a acontecer.
Creio que com o decorrer do tratamento tudo vai entrar no eixo.
Minha casa está à disposição para conhecerem e certificarem como vivemos e como é o nosso dia a dia. 
Solicito que o documento seja protocolado e anexado ao prontuário do aluno.

Atenciosamente,

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A partir da entrega deste documento à escola e pedido de ajuda ao Conselho Tutelar, a supervisão foi acionada e foram revistas as estratégias de ensino e elaborados novos planos que atendessem suas necessidades, também foi necessária a mudança de turma que resultou na vitória do meu filho que até setembro não fazia absolutamente nada, ficava completamente disperso das atividades, não sabia juntar as sílabos, tampouco formar palavras, brincava o tempo todo e não atendia ao comando dos educadores. Com a nova professora sob a orientação da supervisora, acompanhamento psicológico e familiar encerrou a ano letivo ALFABÉTICO e orgulhoso de si mesmo.
Só relatei o caso do meu filho para que outros pais tenham a coragem de buscar seus direitos constitucionais e não permitam que seus filhos sejam taxados como indisciplinados, burros e outros estigmas que as escolas, infelizmente, ainda insistem em impor.

Oba. – Os nomes citados são fictícios.