Minha filha caçula completará 14 anos no próximo mês. Sua gestação foi rodeada de muita ansiedade da minha parte e da família. Nós tinhamos perdido nosso mais velho aos 6 anos vítima de câncer.Haviamos ficado com a pequena com 3 anos, que hoje está com 22. Meu esposo que fizera vasectomia fez a reversão e o sucesso veio após 3 anos. Hoje vejo que minha filha já apresentava hiperatividade desde quando estava em minha barriga. Seus primeiros meses de vida foram difíceis, ela não dormia e eu também não. Fiquei com depressão e fui medicada. A dificuldade maior foi quando entrou na escola fundamental e precisava copiar da lousa e fazer as lições. Ela não copiava nada completo até a hora da saída. Troquei de escola, pois achava que era manha já que eu era professora lá. Nada mudou, no outro colégio piorou, a professora fez barbaridades e ouvi cada uma dos profissionais de lá! Levamos a psicóloga, fono, ninguém nos falava!
O conflito foi grande, eu mesmo sendo pedagoga não sabia lidar. Em casa e na igreja era complicado. Brigavámos, batiámos, faziamos combinados e nada. Resolvi fazer pos em psicopedagogia o que me ajudou muito. Mudei de escola e a levei comigo, quase todos os dias ela chegava chorando a porta da minha sala e nem tinha vergonha dos meus alunos menorzinhos. Mudei de escola novamente e desta vez desisti de levá-la comigo. Levei-a a uma psicopedagoga conhecida nossa e recomendada pela escola. Após meses de testes veio a confirmação: TDAH. Finalmente agora sabiamos com certeza o que nos trazia tanta angústia.
Sabemos com essse diagnóstico que temos história familiar e descobrimos a resposta as minhas dificuldades na escola e até hoje e da minha mãe também. Demorou-se muito, ela já estava com 12 anos que começou a ser medicada. Perdeu muito na escola. Mas como sempre foi viciada em ler, isso a ajudou muito. Está sendo acompanhada com uma psiquiatra incrível. Começou usando o remédio mais fraco, só que era preciso tomar vários por dia e passou a usar o outro apenas uma vez pela manhã. Temos muita dificuldade para pagar a consulta e o remédio que é muito caro, mas agora só vai a cada 3 meses e já irá usar uma dose mais baixa. Este mês seu boletim: Maravilhoso! Primeiro da sua vida que tirou tudo azul e sem ajuda de professores. Hoje está no colégio comigo. Lá é tradicional e com semana de provas, o que ajudou na sua organização. Está tudo tranquilo, mas ouvi algumas coisas estranhas de profissionais lá também. Não cobro atenção diferenciada, apenas que sente na primeira carteira e que insistam com ela e olhem se não esquece de responder lições e questões de prova. Ela está já se comporta de acordo com a sua idade. Está mais madura e independente. Aceita o seu diagnóstico, mas diz que nunca aceitará alta. Quando a médica diz que logo ficará sem usar remédia nas férias ela não aceita, diz querer fazer tudo certinho. Nossa linda filha nos dá muito orgulho pois é mostra de superação. Convive bem na escola, colégio, igreja e nos acampamentos do clube de jovens. Após tantos anos de sofrimento e batalhas ela tem está feliz com seu boletim e nós também! Espero que muitas pessoas possam ser ajudadas com estes depoimentos e busquem ajuda em livros e profissionais. Espero também que muitos sejam esclarecidos e possam olhar seus alunos com um olhar capaz de tratá-los com dignidade e respeito.