Olá, sou Fonoaudióloga e trabalho com crianças no atendimento neuropediátrico há 25 anos.
Tenho grande experiência no tratamento de crianças com Síndrome de Down e outras condições atípicas do desenvolvimento.
Na minha clínica diária, tenho encontrado casos claros de “co-morbidade” envolvendo transtornos da atenção (por exemplo: Dislexia + Transtorno da Atenção, Síndrome de Down com comprometimento atencional diferente da média esperado para sua condição, em termos qualitativos e quantitativos, hipotonia+ atraso de fala e linguagem + transtorno da atenção, etc). 
A maior dificuldade que enfrento é a de encontrar um médico que entenda que a co-morbidade existe (em alguns casos) e que ela deve ser tratada, independentemente da condição neurológica geral (quando não há contra-indicaçOes, é claro!).
Em geral, o que ouço é : “isso faz parte do quadro clínico”, ou, “mude de abordagem”. 
A discussão que temos que fazer é a de que: “a condição hierarquicamente mais importante exclui a possibilidade do tratamento das co-morbidades?”. 
Várias indicações que fiz, foram posteriormente confirmadas pela presença do Transtorno de Atenção em irmãos de desenvolvimento “típico”.
Ao redor do mundo, as “co-morbidades” são discutidas de forma mais específica e menos genérica que aqui no Brasil. Dr, Bruce Pennington, por exemplo, está desenvolvendo um modelo da co-morbidade e discutindo profundamente os critérios diagnósticos para inclusão no DSM. 
Tenho certeza de que daqui a alguns anos, nossos clínicos estarão encarando esses encaminhamentos de outra forma. Esse transtorno é muito estudado do ponto de vista científico, mas a sua “gerência”clínica ainda está engatinhando. 
Tenho bastante esperança que essas situações mudem e que não privemos as nossas crianças do tratamento adequado, quando este for o caso. Com certeza este portal está contribuindo para isso. 
O caminho é a informação!