Olá a todos, me chamo Erivaldo, tenho 45 anos e tenho diagnóstico fechado de Tdah e descalculia a cerca de oito anos. Tudo aconteceu quando iniciei o curso de engenharia dois anos antes e, no final do primeiro período, fiquei reprovado em todas as disciplinas, fiquei muito deprimido e com um sentimento de total incompetência, também sentia vergonha, uma vez que todo os meus parentes e amigos, e eu próprio, acreditavam que o curso seria muito tranquilo para mim. Essa certeza é fruto de meu histórico, na infância nunca precisei estudar, até porque não gostava e ainda não gosto de estudar, sempre gostei muito de aprender, mas para isso havia a necessidade de eu gostar da didática do professor e como isso aconteceu até o sexto ano do ensino fundamental, minhas notas eram muito boas e todos os professores relatavam que mesmo sendo disperso eu era excelente aluno. Em função disso, meus pais não me obrigavam a estudar e eu conseguia enrolar com os trabalhos que só fazia na última hora ou quando em grupo eu idealizava e coordenava e execução. No meio do sexto ano, fui apresentado à álgebra e meu inferno recomeçou, eu conseguia resolver as expressões verbalmente, mas não conseguia resolvê-las no papel, minhas notas caíram e eu larguei a escola e só retomei anos depois em supletivo, depois resolvi fazer prova para a Marinha, passei, cursei com alguns atropelos e na sequência de minha carreira fiz vários testes psicotécnicos e sempre fui selecionado para os quadros profissionais tidos como de elite, cursei eletrônica, me destaquei muito no exercício profissional e em pouco tempo me tornei instrutor. Mais tarde, por motivos de saúde, fui reformado por invalidez e me vi obrigado e me requalificar, especializei-me em equipamentos biomédicos e em pouco tempo me tornei um especialista reconhecido no mercado. Voltando a faculdade, resolvi investigar se minha dificuldade com álgebra era fruto de uma dislexia, que foi descartada, surgia então o tdah! Fiz a avaliação com um psiquiatra especialista em crianças e adolescente que confirmou a suspeita e me disse “você não é um tdahzino, você tem um grau bem alto”. Quando iniciei o tratamento com a medicação para TDAH o meu professor particular ficou assustado com meu desempenho e comemorou o fato de eu conseguir ficar quieto na cadeira e com atenção focada, só que na faculdade as coisas não andavam, na hora da prova era um desastre. Voltei ao médico que me disse que eu precisava de tempo diferenciado nas provas, fazê-las longe de outras pessoas e não acumular muito assunto e me encaminhou para psicopedagogia, após os testes, foi encontrada a descalculia. Levei tudo isso à faculdade e, após certa resistência, foi adotado um regime pedagógico diferenciado para mim, onde eu tinha provas por tópicos para evitar acúmulo de material, tempo dilatado para a execução das mesmas e me matriculava em menos disciplinas por período. Com essas medidas o curso decolou e em junho passo colei grau em engenharia de telecomunicações e já estou tentando o mestrado em engenharia biomédica.