\” Como professora procurava prestar atenção aos alunos que não conseguiam acompanhar o rendimento esperado da turma onde estavam inseridos. Tive uma aluna, no 6º ano do fundamental, que sentava no fundo da sala, conversava, não copiava do quadro ou do livro e brincava muito durante as aulas. Sua escrita era desorganizada, trocava as sílabas das palavras e não conseguia ler o que ela escrevia. Ao me acostumar com sua escrita, conseguia entender sua mensagem. Pensava comigo \”essa garota tem algum problema mais sério além da falta de concentração e ,achava eu, do pseudo analfabetismo\”. Como era de se esperar,ela ficou em recuperação ou reensino como chamamos aqui e foi se sentar na primeira carteira, fazia perguntas, copiava do quadro, do seu jeito mas copiava e então fiquei sabendo que a mãe havia avisado,ao matriculá-la de sua dificuldade de aprendizagem. Pesquisei, li muitas reportagens em revistas, na internet e trabalhando junto com a mãe,conseguimos levá-la a vários profissionais da sáude: neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagoga e ao Hospital de Olhos Dr Ricardo Guimarães, em BH, onde se pesquisa a dislexia de leitura. Ficou constatada a dislexia,Tdah e outros problemas neurológicos… Conseguimos ajuda para ela com a comunidade escolar através de rifas,donativos, ajuda da prefeitura,da escola,dos professores etc.Viájamos de madrugada para BH, no carro da saúde da prefeitura e ficávamos o dia todo fazendo exames, várias vezes aconteceram essas viagens,mas valeram à pena pois ela deixou de ser tachada como desinteressada,indisciplinada e passou a ter acompanhamento, provas especiais,orais ou com mais tempo para fazê-las,em duplas, trabalhos em grupos etc. … Como é importante prestar atenção ao aluno e não classificá-lo pelo comportamento, procurar entender o porquê dele agir diferente dos demais.Às vezes, erramos com nossos alunos mas ainda bem que acertamos com alguns e estendemos nossas mãos para ajuda´-los.\”