Falar sobre TDAH, não é fácil para nós… Temos um filho maravilhoso: inteligente, amoroso, sonhador e criativo. Tive muitos problemas na amamentação, pois ele ficava muito agitado a ponto de não conseguir sugar corretamente o seio. Foi um momento angustiante para mim, que achei ser a responsável pelas dificuldades. Quando começou a andar, me lembro de estar constantemente cansada por ter que manter minha atenção fixa nele, que não parava um instante. Tudo era motivo para ele correr, mexer, explorar. Com dois anos e meio, já sabia percurso que o interessava, quando saíamos. Na escola, início da alfabetização, as dificuldades presentes não condiziam com o que víamos em casa em termos de criatividade e potencial para aprender. aos 05 anos, a Escola em que estudava me chamou e disse que havia lago \”errado\” com ele. Como eu tinha acabado de ter uma filha com prematuridade extrema, achávamos que era porque o estresse em casa estivesse afetando emocionalmente o nosso filho. Ele apresentava sintomas de ansiedade e dificuldade de integração; hoje identifico sinais de baixa auto-estima. Mudamos de Estado e na escola seguinte, na alfabetização propriamente dita, as dificuldades e desatenção ficaram mais evidentes. Na realidade, como mãe, já havia percebido desde bebê que meu filho tinha \”alguma coisa\”. Até me antecipei, solicitando uma observação das professoras em relação ao comportamento dele. A Escola então referiu importância em avaliar o processamento auditivo, psicodiagnóstico, neurologista… Começamos nossa luta (6 anos de idade). Todos os exames físicos com resultado normal. O Otorrino sugeriu pesquisar hiperatividade também. No 1º psicodiagnóstico: TDAH. Procuramos por conta própria, avaliação de mais 02 psicoterapeuta, sem que os mesmos soubessem que eram uma segunda e terceira opinião. Resultado: TDAH. Inicialmente, desespero. Num dos psicodiagnósticos QI acima do normal/média. Durante esta caminhada, muitas controvérsias sobre medicação, terapia. Profissionais prescritores evidenciando pouca fundamentação. Uns diziam ser importante o medicamento, outros contra. Resolvemos nos fundamentar e buscar conhecimento. Comprei livros de referência e li a respeito do assunto. Estamos, eu e meu marido, tentando potencializar nossa ajuda para que o futuro de nosso filho seja de sucesso. Na nossa opinião, a família deveria ser instrumentalizada para ser co-responsável na terapia cognitivo comportamental. Apesar de conversarmos sempre que possível com profissionais sobre isso, percebemos que o tratamento está focado muito no medicamento e em algumas sessões de psicoterapia com a criança. realizar psicoterapia com a família seria um diferencial no tratamento. À parte, podemos dizer que o sistema público deixa muito a desejar. O medicamento disponibilizado é só de um tipo, e só pode ser fornecido se o prescritor for da rede pública e for cadastrado para prescrever o medicamento. Caso contrário, mesmo que você tenha o acompanhamento com profissional competente, especializado, se ele não for cadastrado como prescritor da rede pública, as farmácias não fornecem. Você tem que comprar ou enfrentar uma fila para conseguir uma consulta com o prescritor autorizado. Para psicoterapia,complica ainda mais.< Não queremos só medicamentos, queremos mais! Muitos gênios tiveram TDAH e não achamos justo a sociedade, de certa forma, considerar o portador de TDAH como sendo um problema e sinônimo de perda, não sucesso. Nosso filho é inteligente. Só precisa saber qual botão é mais viável para ativar suas potencialidades. Outra observação; Se quisermos um acompanhamento com equipe multiprofissional qualificada, a inviabilidade financeira vai ser outra dificuldade. No mercado, o atendimento com qualidade é oneroso. Para as pessoas com menor poder aquisitivo, o direito a um atendimento de qualidade fica comprometido. O acesso é muito restrito. Rosângela
São Paulo