Me chamo Vanessa, tenho 32 anos e descobri que tenho TDAH há 3 meses. Sofro muito desde muito cedo, com dificuldades que são banais para a maioria das pessoas, mas que para mim é muito difícil de encarar, como por exemplo, nunca conseguir saber, decorar, o lado esquerdo e direito. Sempre tenho que parar para pensar qual é o lado certo. Além de diversas outras coisas que só fizeram sentido para mim depois que fiquei sabendo meu diagnóstico. A mais difícil são a insatisfação e a procastinação. Nunca termino o que eu começo. Simplesmente não consigo. Procastino tudo que leva tempo para concluir. E quando começo algo, só consigo dar continuidade até desvendá-lo, até provar para as pessoas que eu sou capaz de fazer aquilo e que eu consigo ser a melhor se eu quiser ser. Não demora muito para eu conseguir mostrar, logo, não demora muito para eu perder o interesse. Eu vivo em crises existenciais, vivo tentando descobrir o porque dos meus pensamentos, vivo tentando provar que eu sou capaz, que eu consigo, vivo me cobrando, isso tudo porque eu me acho menos, porque tenho uma péssima auto estima, as vezes acho que simplesmente não tenho auto estima. Meu humor muda em questão de segundos, e a mudança é tão brusca e perceptível que até eu percebo, e muitas vezes nem eu me aguento. Minha cabeça gira a 360 em questão de segundos. Eu simplesmente passo o tempo pensando em desculpas para me defender, justificar, mesmo quando eu não preciso, me sinto como se precisasse ter a desculpa na ponta da língua, como se fosse ser acusada a qualquer momento de qualquer coisa, mesmo que não tenha culpa. Como se precisasse me justificar pra tudo o que eu faço. Odeio rotinas, a mesma coisa todos os dias. Mas o engraçado é que eu amo organização. Amo me organizar, e organizar tudo ao meu rodor. Não consigo viver na bagunça. Me sinto bem arrumando o que está bagunçado. Mesmo que seja um arquivo de qualquer coisa todo bagunçado, ou a vida de uma pessoa toda desorganizada. Alias o problema está aí… Quando consigo arrumar tudo, desapareço. Desapareço da vidas das pessoas, desapareço do local arrumado, sempre atrás de outra bagunça. É duro ser diagnosticada as 32 anos. Parece que a minha vida não tinha fundamento até poucos meses atrás… Acho que nunca serei uma pessoa normal. Mas o que eu farei agora para dar graça a minha vida? Este desabafo foi grande, e muita gente não irá ler. Coisas de TDAH. Acho que nem eu leria uma coisa tão grande assim. Me assustaria com a quantidade, sem me importar para descobrir se há qualidade. Mas valeu, pelo menos hoje eu consegui escrever um pouquinho do que eu vivo, do que eu sinto, sem medo de ser julgada. Até mais. Vanessa.