Este artigo faz parte de uma sequência de 4 artigos sobre Depressão e TDAH. Você pode ler na sequência numérica ou pode optar ir direto ao texto que mais interessar:
Parte I – O que é Depressão / Tipos de depressão (clique aqui)
Parte II – Depressão na Infância e Adolescência (clique aqui)
Parte III – Colisão entre o TDAH e Depressão (clique aqui)
Parte IV – Diferenças entre os sintomas de TDAH e Depressão (clique aqui)

DEPRESSÃO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

A distimia em crianças pode ter um curso crônico, com episódios de depressão maior ao longo da vida.

O diagnóstico de distimia, demanda humor deprimido e ou irritável presente quase todos os dias, acompanhado de pelo menos dois dos seguintes sintomas:

    • Apetite aumentado ou diminuído;
    • Sono aumentado ou diminuído;
    • Fadiga;
    • Baixa autoestima;
    • Dificuldade de concentração ou de tomar decisões;
    • Sentimentos de desesperança;
    • Mau humor;
    • Desânimo e tristeza;
    • Predominância de pensamentos negativos;
    • Falta de energia para agir;
    • Isolamento social;
    • Tendência ao uso de drogas lícitas, ilícitas e de tranquilizantes.

 
A maior dificuldade, no caso dos distímicos, é que raramente percebem que têm um problema. Acham que o mau humor, a falta de prazer e interesse pelas coisas e a tristeza que nunca cessa, fazem parte de sua personalidade, do seu jeito de ser, assim, quase nunca procuram ajuda. Da mesma forma, muitas vezes, parentes de pacientes distimicos, inclusive de crianças, podem demorar a perceber que há de fato algo errado que merece mais atenção, pois tendem a achar que é apenas ‘o jeito da criança’, confundindo a ranzinzisse distimica com pirraça infantil.

Antes da aquisição de linguagem verbal, uma criança manifesta depressão pela expressão facial, pela postura corporal e pela falta de resposta aos estímulos visuais e verbais. As crianças, quando deprimidas, podem apresentar humor irritadiço ou instável. Enquanto umas têm explosões descontroladas, outras aparentam tristeza e choram à toa. Perdem o interesse nas atividades de lazer, não têm iniciativa de brincar e queixam-se de estar entediadas por não saber do que brincar. Em algumas crianças deprimidas ocorre indiferença afetiva, com pouca reação aos estímulos positivos ou negativos.

As queixas inespecíficas e vagas de dores cabeça, musculares ou abdominais são frequentes e constituem uma das características da depressão maior nessa faixa etária, além de cansaço excessivo ou falta de energia. Problemas com o peso e o sono (excessivo ou insuficiente), ansiedade, pesadelos, agitação psicomotora com controle precário de impulsos, aumento de distraibilidade e a dificuldade de memorização são comuns e levam a uma piora do desempenho escolar.

Adolescentes deprimidos descrevem sentimentos depressivos ou manifestam aumento de irritabilidade e hostilidade. A falta de esperança e a sensação de que as coisas jamais mudarão podem levá-los a apresentar tentativas de suicídio. Isolamento social, sensibilidade exagerada à rejeição ou fracasso e pouca expectativa em relação ao futuro. O abuso de álcool e drogas psicoativas pode ser comum em adolescentes deprimidos e muitas vezes são resultantes de tentativas de automedicação para alívio do sofrimento.

Aproximadamente 50% dos casos de depressão têm como comorbidade algum tipo de transtorno de ansiedade. A associação desses dois transtornos é tão intensa que sintomas de ansiedade na infância podem ser sinal preditivo mais eficiente para depressão do que para transtornos de ansiedade. A presença de sintomas de ansiedade pode prevalecer sobre sintomas depressivos, principalmente em meninos.

O reconhecimento e diagnóstico de depressão são mais difíceis na infância e adolescência, principalmente porque crianças e adolescentes tem mais dificuldade em reconhecer e nomear seus sentimentos.

Em casos de depressão na infância, observa-se história familiar com início precoce. Estressores psicossociais, presença simultânea de outros transtornos psiquiátricos ou doenças crônicas como diabetes, são fatores de risco para desenvolvimento de depressão em crianças.

O diagnóstico precoce e tratamento adequado são de fundamental importância, uma vez que, cerca de 15% a 20% dos pacientes tentam o suicídio.

A associação de medicamentos antidepressivos com psicoterapia tem apresentado excelentes resultados no tratamento.

Atenção:
A distimia, assim como a depressão clássica, pode acometer crianças e adolescentes. Às vezes, esses transtornos estão camuflados sob baixo rendimento escolar, do comportamento antissocial e do temperamento agressivo que não conseguem controlar.

 

Continuaremos a tratar do assunto TDAH & Depressão no próximo artigo.

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Referências Bibliográficas

1 – SEGENREICH D., MATTOS P. Bupropion Efficacy in the Treatment of ADHD. A Systematic Review and Critical Analysis of Evidences
2 – ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria
3 – HARRINGTON R. Depressive disorder in childhood and adolescence. New York: John Wiley & Sons; 1993.
4 – DALGALARRONDO P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas; 2000.
5 – PHELAM, T .W. All About Attention Deficit Disorder
6 – APA – American Psychiatric Association

 

O reconhecimento e diagnóstico de depressão são mais difíceis na infância e adolescência, principalmente porque crianças e adolescentes tem mais dificuldade em reconhecer e nomear seus sentimentos.