Este artigo faz parte de uma sequência de 4 artigos sobre Depressão e TDAH. Você pode ler na sequência numérica ou pode optar ir direto ao texto que mais interessar:
Parte I – O que é Depressão / Tipos de depressão (clique aqui)
Parte II – Depressão na Infância e Adolescência (clique aqui)
Parte III – Colisão entre o TDAH e Depressão (clique aqui)
Parte IV – Diferenças entre os sintomas de TDAH e Depressão (clique aqui)


O QUE É DEPRESSÃO?

De todos os transtornos psiquiátricos, a depressão talvez seja o mais conhecido da população em geral.

Mas, será que você sabe mesmo o que é depressão?

A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o estado de humor da pessoa, deixando-a continuamente em um estado anormal de tristeza; É incapacitante e pode afetar gravemente a vida do indivíduo, inclusive levando ao suicídio em casos mais graves. Afeta homens e mulheres, de qualquer faixa etária, (mulheres são duas vezes mais afetadas). Em crianças e idosos o transtorno tem especificidades, sendo a ocorrência também comum em ambos os grupos. Estima-se que cerca de 350 milhões de pessoas em todo mundo, sofram de algum tipo de depressão.

Embora o diagnóstico da depressão seja clínico, ou seja, não existem exames, fortes evidências indicam que a depressão é um transtorno neurobiológico; Esta hipótese é bem aceita, principalmente porque cerca de 80% dos casos de depressão apontam melhora significativa ao tratamento medicamentoso que envolve esta circuitaria cerebral.

É importante salientar que muitas vezes a depressão demora a ser diagnosticada, porque o sentimento de tristeza fica mascarado por sintomas como mau humor e irritabilidade, o que especialmente na criança, é bastante comum.

Existem tipos e níveis diferentes de depressão, mas em geral a pessoa deprimida demonstra tristeza, embotamento, mau humor, perda de vontade de fazer qualquer coisa por longos períodos. Algumas vezes um processo depressivo pode iniciar após alguma perda, trauma ou problema grave, outras vezes não se verifica motivo específico aparente.

Pessoas que nunca se sentiram deprimidas tendem a não entender, e muitas vezes a não ter paciência para lidar com o deprimido.

O deprimido precisa de muita ajuda. É preciso entender que existe algo físico acontecendo no cérebro dele que não o permite reagir como se espera. Ninguém fica deprimido por vontade própria, aliás, ao deprimido falta motivação, e novamente, não esqueçamos, esta falta de motivação se deve a um processo químico em seu cérebro. Os indivíduos deprimidos sentem culpa, baixa autoestima, desânimo, tristeza, sentimento de fracasso e de ser um estorvo para os outros e até fadiga. Qualquer atividade para o deprimido é um verdadeiro suplício e exige muito mais do que ele, nesta condição, pode oferecer. É comum que sintam muito sono, durmam demais, evitem sair de casa e se relacionar com as pessoas.

Dependendo da gravidade da depressão e do contexto no entorno, o indivíduo deprimido sem tratamento, pode acabar desenvolvendo outros transtornos comórbidos, como pânico, fobias sociais, transtorno de ansiedade, abuso de substâncias, até delírios mórbidos e suicídio.

As causas podem variar, de predisposição genética aos fatores estressantes familiares e sociais.


DISTIMIA X DEPRESSÃO MAIOR

Distimia significa etimologicamente “mal-humorado”, referindo-se a um temperamento inclinado à melancolia.

Distimia é um tipo de depressão crônica, de intensidade leve à moderada, quando se compara à depressão clássica. Surge de maneira insidiosa, em geral na infância ou adolescência, persistindo, eventualmente durante toda a vida.

Diferente da depressão maior, que se instala bruscamente, a distimia não tem este sinalizador repentino de ruptura. O mau humor é constante. Os distímicos são pessoas de difícil relacionamento, com baixa autoestima e elevado juízo de autocrítica. Permanentemente irritadiços, reclamam de tudo e só enxergam o lado negativo das coisas. São vistos como pessoas de temperamento complicado, o que os leva a ter muitos problemas de convivência.

 

Continuaremos a tratar do assunto TDAH & Depressão no próximo artigo.

PARTE 2

 

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Referências Bibliográficas

1 – SEGENREICH D., MATTOS P. Bupropion Efficacy in the Treatment of ADHD. A Systematic Review and Critical Analysis of Evidences
2 – ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria
3 – HARRINGTON R. Depressive disorder in childhood and adolescence. New York: John Wiley & Sons; 1993.
4 – DALGALARRONDO P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas; 2000.
5 – PHELAM, T .W. All About Attention Deficit Disorder
6 – APA – American Psychiatric Association