hiperatividade

Ainda hoje recebemos muitos e-mails questionando se existe TDAH sem hiperatividade.

De pronto, respondemos: SIM!

O TDAH é um transtorno com características bastante heterogêneas. Os traços comuns a todos – desatenção, impulsividade e hiperatividade – são prevalentes em graus de intensidade diferentes de pessoa para pessoa. Se juntarmos a isso, as comorbidades, presentes em 66% dos casos, mais as condições de vida familiar e social, além de questões biológicas inerentes a cada indivíduo (como inteligência, resiliência), encontraremos um grupo heterogêneo, o que pode dificultar algumas vezes o diagnóstico, e confundir pais e professores.

Com o passar dos anos e milhares de estudos e pesquisas desenvolvidas ao redor do mundo, o último manual de transtornos psiquiátricos, chegou ao consenso, de que o TDAH se apresenta especialmente sob três aspectos;

1 – Apresentação do tipo combinado: Quando o paciente apresenta seis ou mais sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade;

2 – Apresentação do tipo predominantemente desatento: quando apresenta seis ou mais sintomas de desatenção, porém menos sintomas de hiperatividade e impulsividade;

3 – Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: quando apresenta seis ou mais sintomas de hiperatividade/impulsividade e menos de seis sintomas de desatenção.

Os estudos indicam que 66% das crianças apresentam o tipo combinado, 26% o tipo desatento, e 8% o tipo hiperativo. Nos adultos, 62% apresentam o tipo combinado, 31% o tipo desatento e 7% o tipo hiperativo.

Os estudos apontam que, em sua maioria, crianças diagnosticadas com o tipo predominantemente hiperativo tem menos de 7 anos. Pessoas com predominância da desatenção, tem maior tendência a desenvolver depressão. Pessoas do subtipo combinado são as que tem os maiores prejuízos, – são globais – e apresentam maior chance de desenvolver Transtorno opositivo desafiante, transtorno de conduta e transtornos de humor.

Algumas considerações são importantes:

1 – Sim, existe TDAH, sem hiperatividade.

2 – As medicações são as mesmas em qualquer dos tipos predominantes.

3 – Os sintomas podem variar com o tempo, assim, alguém que se apresenta como desatento hoje, pode se apresentar com o tipo combinado depois de alguns anos e vice-versa.

4 – As comorbidades, as condições sociais, e as condições biológicas específicas de cada sujeito, podem interferir na apresentação dos sintomas;

5 – Quando se fala em hiperatividade, as pessoas pensam imediatamente na hiperatividade motora, ou seja, na criança extremamente agitada. A pessoa do tipo desatenta, tem um tipo de hiperatividade mental;

6 – Nem toda pessoa hiperativa, tem necessariamente TDAH.

7 – O TDAH nada tem a ver com inteligência. É possível que uma pessoa com TDAH tenha QI acima da média, e outra tenha QI abaixo, e nada disso é ‘culpa’ do TDAH.

 

Como podemos ajudar essas pessoas a acumularem menos prejuízos?

1 – Pessoas com TDAH, não são ‘mal-educadas’ ou ‘sem limites’. Em geral, elas extrapolam e se arrependem ou se envergonham quando são chamadas a atenção (exceto se tiverem TOD ou TC). Portanto, é sim, importante que pais eduquem seus filhos com TDAH, estabelecendo regras e limites. Eles terão mais dificuldades em cumpri-las, e nesse sentido, os pais devem ter paciência, mas não condescendência. É cansativo e não é fácil, desgastante para os pais em geral, que precisarão usar de toda sensibilidade e bom senso para discernir até que ponto se deve fazer pressão ou não, até que ponto a pressão é produtiva, e em que ponto a pressão pode piorar a condição da pessoa com TDAH.

2 – Estimular a criatividade;

3 – Estimular atividades de que gostam, porém, alternando com responsabilidades;

4 – Não sobrecarregar de atividades;

5 – Conceder intervalos de descanso no meio de tarefas maçantes;

6 – Reforçar positivamente o esforço em si, independentemente dos resultados;

7 – Fortalecer a autoestima; não fazer comparações com outras pessoas;

8 – Explicar as coisas por partes. Explicações curtas e diretas. Fale olhando nos olhos, faça-os repetir as instruções, e principalmente, não dê instruções em ambientes agitados e barulhentos.

9 – Busque não ser extremista, não dar punições ou chamadas com tons extremos. Pessoas com TDAH tem dificuldade em perceber todos os espectros de uma situação, enxergando como tudo ou nada. Com essa visão, eles ficam mais suscetíveis a depressão e baixa autoestima, já que, só sabem ver ‘certo’ ou ‘errado’, que acaba se transformando em ‘sou capaz de tudo ou não sou capaz de nada’.

10 – Tenha em mente que cada um é cada um. Observe, perceba, entenda aquela pessoa em suas especificidades e tente estimular o melhor que ela pode oferecer, respeitando suas limitações.