Diagnosticado aos 50 anos, entendi minha vida, minha luta, meus fracassos, minha inconstância e, principalmente, de onde vinha essa estranha força que me impulsionava a tomar certas atitudes que muitas vezes surpreendiam até a mim mesmo. Por sugestão de minha médica escrevo um blog sobre a doença …transformou-se numa verdadeira terapia para mim e para as pessoas que o acompanham e comentam minhas postagens. Reproduzo abaixo uma delas: O DESASTRE DO TDAH Minha dor é como um vulcão: inquieta, feroz, incandescente. Minha mente é como um maremoto: bela, cruel e indomável. Minha memória é como um tornado que a tudo arranca, tudo arrasta, mas com o tempo perde a força e desaparece. Minha vontade é como o furacão: às vezes arrasador, noutras apenas uma tempestade tropical. Minha ira é como o tsunami: tão forte que pode arrasar e destruir o alvo. E levar junto a minha vida. Meu equilíbrio é como o vento: hora pra lá, hora pra cá; e quando a gente menos espera, ele muda de lado. Meu autocontrole é como uma cachoeira: sinto muito, você aproximou-se demais. Vai ser arrastado até o fundo… Meu amor é como a enchente: tão grande que não cabe em mim, transborda e pode inundar a vida alheia. Mas cuidado, muito cuidado, ele pode matar afogado. Minha impulsividade é como um terremoto: apenas um pequeno tremor, ou pode abrir uma gigantesca fenda no chão e engolir a tudo e a todos. Inclusive a mim mesmo. Meus dias são como corredeiras: velozes, atribulados, chocando-se o tempo todo com pedras em busca de um remanso qualquer onde curar as feridas. Minha vida é como a natureza: mesmo os dias mais lindos, mais luminosos, guardam em seu bojo a semente da dor e do desastre.